Do que vale o tempo se não é
possível compreender que um dia não estejamos mais a sua mercê?
Outrora quando pensávamos sobre o
amanhã não tínhamos porque temer o futuro por sermos livres. Hoje quando
olhamos para trás calculamos a desventura que pode nos sobrevir por estarmos
presos ao que se passou.
Recorre-se a este ou aquele
truque, planeja-se uma ou outra artimanha para dar tudo que nos aflige ao
esquecimento, mas de nada vale isso se não estivermos prontos para o que desconhecemos
e não aprendemos a conhecer.
Vagamos inúteis por uma terra que
presenciamos dias, noites, ventos, tempestades, luz, sombras, sem se dar conta
que fazemos parte de cada ato encenado pela natureza? Essas coisas não nos
pertencem. Pertencemos a elas. Duma forma ou outra somos uma nota dentro ou
fora do compasso do tempo.
Afinados ou não com o percurso
das horas, minutos ou meses e anos, nada podemos fazer para refrear o tempo ou
incomodar seu passo largo. Resta dar sentido ao que não controlamos de maneiras
tão sublimes e clamorosas que quando o tempo finalmente nos reter entre seus
dias, horas e minutos estejamos livres novamente.
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